Receita Federal de PG realiza destinações sustentáveis na região
A partir do programa Receita Cidadã, parcerias firmadas entre a organização federal e instituições e entidades públicas contribuem para transformar produtos ilegais apreendidos em novos itens com grande valor para a sociedade
Publicado: 04/06/2025, 18:25

O Portal aRede e o Jornal da Manhã dão sequência, nesta quarta-feira (04), à segunda edição do Digital Meio Ambiente e Sustentabilidade. Realizado na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o projeto traz entrevistas e reportagens especiais que apresentam iniciativas sustentáveis adotadas por empresas e instituições localizadas em Ponta Grossa, um dos polos industriais mais conhecidos do Paraná.
Geralmente associada à arrecadação e à fiscalização de tributos federais, a Receita Federal do Brasil (RFB) também desempenha um papel significativo na pauta ambiental. A partir do programa Receita Cidadã, o órgão ajuda a transformar produtos apreendidos em itens de grande valor para a sociedade. Esse trabalho é realizado através de destinações sustentáveis que buscam contribuir em diferentes frentes, como gestão ambiental, ecoeficiência e responsabilidade social.
Situada na 9ª Região Fiscal, a delegacia da Receita Federal de Ponta Grossa possui parcerias com diversas instituições e entidades. Uma delas garantiu a destinação de dez toneladas de garrafas PET para a Prefeitura de Ponta Grossa, a partir da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) - a entrega ocorreu na última quinta-feira (29). O material foi apreendido em um caminhão vindo da Argentina, em uma situação caracterizada como contrabando e descaminho.
O ree do fardos de garrafas a associações de coletores de material reciclável deve ir além de benefícios ecológicos e transformar a realidade das pessoas que fazem parte da cadeia da reciclagem. “Numa só ação pudemos, primeiro, evitar o descarte ambientalmente incorreto em aterros sanitários, ou mesmo por outro processo de destruição, que iria consumir recursos públicos. Por um processo totalmente sustentável, voltado para a reciclagem, também produzimos um alto impacto social no município, contribuindo para a geração de renda”, explica Remy Deiab Junior, delegado da Receita Federal de Ponta Grossa.
De acordo com o gestor, o órgão federal possui diretrizes que recomendam o estabelecimento de parcerias com instituições públicas e universidades para dar um novo sentido a itens apreendidos. “Temos uma série de ações feitas diuturnamente nos âmbitos nacional, regional e local nesse sentido, que tragam resultados para a população e atendam ao interesse público”, destaca Remy.
ENSINO E TECNOLOGIA - Outra destinação sustentável promovida pela Receita Federal nos Campos Gerais foi o ree de 690 receptores de sinal de TV pirata para a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Guarapuava, também por meio do Receita Cidadã.
A parceria vai permitir que alunos e professores da instituição de ensino possam desenvolver projetos e transformar os equipamentos recebidos em computadores e outros itens tecnológicos no âmbito da pesquisa e extensão.
Além do benefício para aprendizagem e formação de estudantes, a proposta é que os futuros computadores sejam direcionados para a composição de laboratórios de informática de instituições de ensino públicas e impactem centenas de crianças e adolescentes. “Isso é muito dignificante. É uma ação que sai da ilegalidade, muitas vezes da criminalidade organizada, e acaba sendo convertida para algo maior e nobre, que é a educação e o o ao mundo virtual”, frisa Remy.

Além da destinação dos receptores, a Receita Federal também reou outros equipamentos para a UTFPR, como notebooks, tablets, smartphones, câmeras, projetores de imagem, entre outros. Avaliados em pouco mais de R$ 308 mil, os produtos serão incorporados ao patrimônio do campus Guarapuava. “Pretendemos fazer parcerias com outros tipos de mercadorias, não só em Guarapuava, mas também em Ponta Grossa”, projeta o delegado.
REAPROVEITAMENTO - Cigarros contrabandeados apreendidos pela Receita Federal e também por forças de segurança, como as polícias rodoviárias Estadual e Federal, também estão entre os itens que possuem potencial para serem transformados em novos produtos. Entre 2019 e 2025, considerando a delegacia de Ponta Grossa, já foram retirados de circulação cerca de R$ 90 milhões em cigarros, segundo Remy Deiab Junior.
As cargas apreendidas são contabilizadas, am a fazer parte do patrimônio da União Federal e são transportadas até a delegacia do órgão em Foz do Iguaçu. A unidade possui um equipamento que realiza a tritura do cigarro e ainda é capaz de separar o tabaco e os filtros.
“Há um trabalho onde os resíduos do tabaco são convertidos em fertilizantes e inseticidas. Esses materiais são destinados de forma sustentável para fazendas-escolas de instituições públicas de ensino e vão ser utilizados na produção de alimentos. O tabaco é bem fértil”, diz o delegado.

De acordo com Remy, já os filtros de cigarro, combinados com substâncias orgânicas e concreto, podem ser transformados em tijolos e telhas ecológicas - os novos produtos são direcionados para projetos de construção de órgãos públicos, escolas, unidades de saúde, entre outros espaços.
Associados a uma biomassa composta por madeira de pinus e eucalipto, palha e bagaço de cana, os filtros ainda podem ser transformados em uma espécie de biocombustível sustentável chamado pellets. O delegado compartilha que, ao ser queimado em caldeiras industriais, esse material é convertido em energia e contribui para processos produtivos.
“Todos os resíduos do cigarro, após serem triturados, vão ter destinação ecologicamente correta, protegendo o meio ambiente e ajudando toda uma gama de serviços públicos”, ressalta.
SAÚDE - Destaque no ranking de apreensões, as bebidas alcoólicas também estão no leque de produtos voltados para destinação sustentável. Desde 2008, uma parceria entre a RFB e Agência de Inovação Tecnológica da Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) de Guarapuava converte o líquido em álcool em gel e álcool para limpeza. O trabalho é realizado por acadêmicos de diferentes cursos, como Química e Farmácia.

Anualmente, a delegacia de Ponta Grossa destina aproximadamente 90 toneladas de bebidas em situação irregular para a instituição. De acordo com Remy Deiab, essa quantia gera, em média, seis toneladas de álcool em gel e seis toneladas de álcool para limpeza. Com excelente padrão de qualidade, os produtos finais são reados para diferentes órgãos públicos.
O delegado revela que a produção foi essencial no período da pandemia de Covid-19 e que continua fazendo a diferença na saúde pública. “É um trabalho fantástico que une conhecimento teórico com conhecimento prático, em benefício direto à população e também ao meio ambiente”, pontua.
E não para por aí: as garrafas e latas onde vinhos, cervejas e vodcas apreendidas estavam depositadas são separadas pelos estudantes da Unicentro e encaminhadas para reciclagem, a partir de parcerias com cooperativas de coleta de material reciclável.