Paraná vai agilizar resolução de crimes com nova máquina para DNA
Estado investiu quase R$ 2,7 milhões recebidos do Fundo Nacional de Segurança Pública na compra de um sistema automatizado para coleta e análise de material genético
Publicado: 21/11/2024, 19:27

A Polícia Científica do Paraná (P) concluiu a instalação de um novo sistema automatizado de extração de DNA que vai tornar a análise de materiais ligados a investigação de crimes violentos e sexuais mais precisa. Chamada de Autolys, a plataforma foi adquirida pelo Governo do Estado por quase R$ 2,7 milhões e representa o que há de mais moderno na área de análise forense no mundo.
A compra do equipamento foi efetuada com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) após ser definida como uma prioridade pelo Governo do Estado, sendo alocada na P por meio do Fundo Especial do Sistema Único de Segurança Pública do Paraná (Funsusp/PR). Desde 2019, o Paraná tem se destacado como um dos estados que mais aplicam os recursos recebidos do FNSP, com 71% dos valores empenhados em melhorias da estrutura policial.
O Autolys foi instalado na sede da P no bairro Tarumã, em Curitiba, sendo projetado para extrair o DNA de diversas células humanas, incluindo espermatozoides, o que o torna crucial para a investigação de crimes que envolvem material biológico.
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Para o diretor-geral da P, Luiz Rodrigo Grochocki, a chegada do equipamento coloca o Paraná na vanguarda da tecnologia forense, fortalecendo sua capacidade de resolver casos complexos com mais agilidade e precisão. “Essa automação gera resultados mais eficazes para o sistema de justiça e segurança pública, mas também serve como uma proteção do cidadão contra eventuais injustiças ao gerar provas periciais robustas baseadas no método científico”, defendeu.
Conforme o chefe da Seção de Genética Molecular Forense da P, Pedro Canezin, o sistema purifica o material obtido, prepara as amostras para quantificação e ajusta a quantidade de DNA a ser amplificada – um processo conhecido como normalização. Até então, os procedimentos de coleta e análise de material genético eram feitos manualmente pelos peritos da Polícia Científica, que precisavam manipular as amostras com reagentes químicos, muitos deles tóxicos.
Com a automatização, os riscos de contaminação são minimizados, garantindo uma amostra mais pura e, consequentemente, resulta em mais qualidade aos resultados e confiabilidade às análises feitas a partir do material coletado. “A célula espermática, sendo uma célula sexual, tem toda uma peculiaridade para que se consiga extrair o material genético, e o Autolys faz isso de uma maneira ultra pura, garantindo um rendimento potencializando na resolução de crimes sexuais”, esclareceu.
Além da precisão, a P também deve ganhar em eficiência. Segundo Canezin, o novo equipamento consegue processar cerca de 88 amostras de uma só vez, o que representa de três a quatro vezes mais do que a capacidade atual dos peritos. “Com isso conseguiremos aumentar o número de laudos de violência sexual liberados para a justiça e a tendência é que tenhamos uma redução do tempo de liberação, que até então demorava de uma a duas semanas em média desde a extração, amplificação, separação e análise do perfil pelos peritos”, explicou.
MELHORIA CONTÍNUA – A plataforma Autolys é operada por apenas outros quatro estados e pela Polícia Federal, colocando o Paraná entre aqueles com os maiores e mais modernos parques tecnológicos para o processamento de DNA no Brasil. A iniciativa é mais uma que visa melhorar a estrutura da Polícia Científica do Paraná e, sobretudo, o laboratório de genética molecular da corporação, criado há 20 anos e uma referência nacional pela sua política de constantes inovações.
A plataforma faz parte do Programa Laboratório de DNA 2.0, cujo nome faz referências às duas décadas de criação da estrutura, e visa combater a impunidade nos casos de violência sexual. Em abril, a P já havia recebido um novo equipamento de análise química de amostras adquirido pelo Governo do Estado por R$ 465 mil. Chamado de Espectrômetro Portátil, ele é utilizado desde então na identificação de agressores sexuais.
Atualmente, a Polícia Científica do Paraná trabalha na compra de 12 softwares de análise de DNA e 12 equipamentos, avaliados em mais de R$ 8 milhões, para o laboratório de genética, cujo processo já está em estágio avançado. Também está em andamento um concurso público para a contratação de 30 novos peritos oficiais criminais, com expectativa de nomeação dos aprovados nos próximos meses.
“A P não é feita apenas de estruturas e equipamentos, referência em nível nacional e internacional, mas principalmente dos seus servidores, que fazem um trabalho de excelência no uso dessas tecnologias”, comentou o diretor-geral da instituição.
Com informações de AEN.